O/a... Homossexual nos Centros e nas Atividades Espíritas

setembro 07, 2017

O/a... Homossexual nos Centros e nas Atividades Espíritas

Estudando homoafetividade com Andrei Moreira - O/a... Homossexual nos Centros e nas Atividades Espíritas

O texto que apresentamos é um recorte do livro Homossexualidade sob a Ótica do Espírito Imortal, escrito pelo médico e palestrante espírita Andrei Moreira, publicado no ano de 2012.

O centro espírita é o local de estudo e trabalho que visa à compreensão, à vivência e à divulgação da Doutrina espírita. Esta, por sua vez, preconiza a caridade como forma sublime de salvação, ou construção do Reino de Deus em si. O espaço do agrupamento espírita é, pois, o espaço de vivência dos valores do Evangelho, quais sejam a inclusão, o respeito, a alteridade, a fraternidade, a compaixão, a ternura, a bondade, que representam, em síntese, o amor.

Apesar disso, os agrupamentos religiosos, de qualquer natureza, são compostos de homens, com suas naturais dificuldades e preconceitos. Para dar um exemplo, houve um tempo em que homens e mulheres sentavam-se em bancos separados na casa espírita, o que atesta o pensamento discriminatório da época. Infelizmente, por essa razão, não é incomum ouvir histórias ou presenciar fatos de discriminação e preconceito contra homossexuais nos templos religiosos.

ACOLHIMENTO INTEGRAL DO SER
Muitos homossexuais participam habitualmente de atividades na casa espírita e muitos nela chegam vivenciando dores profundas devido aos conflitos de identidade sexual, às relações conflituosas em família, às sequelas psicológicas da homofobia ou apresentando as lutas naturais de todo ser humano na busca de sentido e significado para seu existir.

O primeiro espaço de recepção e acolhimento é o atendimento fraterno, aonde muitos vão desejando conhecer os princípios espíritas e as orientações que os auxiliem a entender a si mesmos e às suas experiências de vida. Nesse momento, o atendente fraterno depara-se com uma grande variedade de experiência humana, desde os conflitos naturais até as condições psicopatológicas que buscam amparo na casa espírita.

Pessoas homossexuais, às vezes, e travestis e transexuais, frequentemente, despertam a atenção e colocam em teste a postura acolhedora daqueles que se colocam à disposição para servir, podendo ser alvos de julgamentos, críticas ou até mesmo de repreensão.

Não se pode esquecer que o espaço da casa espírita é o do acolhimento amoroso. Acolher é realizar a postura autêntica da escuta integral do sujeito, desprovido de julgamentos, de críticas, de respostas prontas, mas imbuído do sentimento de humanidade. O encontro terapêutico se dá na interação de duas humanidades, a partir da experiência amorosa, que é a verdadeira e profunda instância curativa.

Neste momento de acolhimento do ser integral, da pessoa homossexual, quando em sofrimento físico ou moral, o atendente fraterno deve auxiliá-lo a perceber que é profundamente amado por Deus, que não há discriminação na lei divina e que o autoamor é a condição de cura por excelência

[cura do sentimento de angústia e não da homossexualidade, uma vez que esta é uma orientação afetivo-sexual natural, presente na natureza não somente entre humanos. Nota do Blog].

Os postulados espíritas de imortalidade da alma, da reencarnação e da lei de justiça e misericórdia devem ser sumariamente apresentados, bem como o homossexual deve ser convidado a participar das atividades espíritas habituais de educação e promoção humana, a fim de que, como qualquer outra pessoa, sinta-se incluído, respeitado e valorizado.

Esses sentimentos, despertados a partir do contato com o conhecimento e o movimento espíritas, fazem com que ele deseje retornar a investir em si mesmo, encontrando no trabalho espírita uma sublime oportunidade de amparo aos outros e a si mesmo, a partir da expressão e do desenvolvimento da sua riqueza particular, que igualmente enriquece a casa espírita e os demais trabalhadores (MOREIRA, 2012).